domingo, 18 de novembro de 2007

História da sua Rua

Av. Movimento das Forças Armadas


Do amigo Frederico Madeira recebi a história desta rua.

"Esta rua começa junto à padaria e termina junto à delegação da Junta de Freguesia. Juntamente com todas as outras ruas da terra, foi “baptizada” na leva do pós 25 de Abril. Pretendeu-se dotar a Abrunheira de uma avenida, e por isso escolheu-se, a partir do troço inicial (padaria – talho), o traçado mais longo, para torná-la digna da categoria e do nome que lhe foi dado.
Até aí, o troço inicial da rua tinha a denominação de Rua Principal, e o actual Beco da Saudade era a Rua Projectada à Rua Principal. Do talho para baixo, não consigo precisar, e ninguém parece ter a certeza do nome. A opinião mais comum é que não havia nome, cada um chamava-lhe mais ou menos o que lhe parecia bem. Para uns, era a Rua do Lavadouro, para outros, a Rua de Santa Cruz ou Rua de Santo António. Não era grave, todos se conheciam e a correspondência chegava sempre ao destino.
A foto que envio do início da rua, data do início dos anos 80. Pode ver-se que a estrada fazia um pequeno desvio, não vinha a direito como hoje. Nesse pequeno largo, parávamos o carro, mas repare-se que quer nesta foto, quer noutra que aqui está no blog e data de 71, não se vê, nem o nosso, nem qualquer outro automóvel!



Mas era também neste largo que no São Pedro fazíamos a nossa fogueira. Recordo-me de, na altura, se fazerem várias cá na terra, e inevitavelmente o Ti Maltês tocava umas “modinhas” na sua concertina.
Mas vamos mais para trás, e aqui, naturalmente, já escrevo depois de algumas dicas.
Antes de chegar o alcatrão, esta rua era em pedra e terra, e era só sazonalmente arranjada, porque o agricultor Silvestre Félix (avô e padrinho daquele que conhecemos com o mesmo nome), alugava uma debulhadora que tinha de passar para chegar à eira comunitária que existia no início da Rua da Colónia, logo ali à esquerda de quem atravessa a ponte. Por essa altura, e como a máquina tinha rodas de ferro e era puxada por um tractor de lagartas, era necessário aqui e ali alisar a estrada. Açoreava-se o Rio das Sesmarias e com a terra e areia que se retirava enchiam-se os buracos da rua e então a máquina lá passava. Durante o resto do ano, o trânsito era normalmente de carros de bois, que ao que consta derrapavam nas pedras desta artéria.
Por essa altura, existia também, em frente ao actual talho, um lavadouro que não era mais que uma ribeira com duas ou três pedras lisas, onde algumas das moradoras lavavam a sua roupa. Essa ribeira foi “manilhada” nos primeiros trabalhos de saneamento básico, em 75 ou 76. Eventualmente, ainda existem vestígios dessa linha de água, entre as Ruas Ferreira de Castro e do Forno.
Quando a rua foi alcatroada pela primeira vez no início dos anos 50, o alcatrão acabava pouco depois do Santo António, no largo onde começa a Rua Humberto Delgado. Como sempre, a ocasião foi assinalada com uma festa, no largo do chafariz do Santo António, a celebrar a chegada do alcatrão dentro da Abrunheira."