sábado, 22 de dezembro de 2007

Parabéns Natalícios!

Do Frederico recebi um e-mail, com carácter urgente, por isso sem mais demoras aqui vai ele:
"O menino Natalício era um rapazito desconhecido para muita gente. Antes de nascer, até desconfiavam da sua existência, acreditavam ser outra coisa qualquer. Aqueles que o conheciam, estavam habituados a vê-lo de poça em poça, chap-chap, chap-chap, rua abaixo, rua acima, escada abaixo, escada acima. A este pobre rapaz tudo acontecia, até a data de nascimento. Fazia anos perto do Natal e, por isso, assim ficou afamado, embora não fosse esse o seu nome. Para além do mais, ainda há quem diga que a sua terra é Ranholas!
Esta introdução serve apenas para apresentar o nosso sujeito neste texto, e a sua histórica participação numa prova de ciclismo na Abrunheira.
Já lá vão muitos anos, vinte e muitos, tantos que já quase não me lembrava desta história, até um destes dias me ser lembrada, avivada e recontada.
As provas de ciclismo eram frequentes na Abrunheira. O circuito era basicamente a Av. Movimento das Forças Armadas a descer e a Rua do Forno a subir. O número de voltas dependia da idade dos intervenientes e da sua melhor ou pior condição física. Da mesma forma que vinham ciclistas de equipas de competição, de vários escalões etários, havia também provas para os habitantes da Abrunheira, ou outros que quisessem participar, desde que fosse como amadores.
Cá na Abrunheira havia um ciclista, que era o Tó Mané. Participava nos escalões mais jovens, mas empolgava sempre os habitantes locais até ao fim, na expectativa de um bom lugar entre os participantes federados.
Mas não era destes que eu queria falar hoje, era dos amadores! E é aí que entra o nosso amigo Natalício. A prova era para crianças, talvez na casa dos 8 ou 10 anos masculinos. Eis que à partida só se apresentam três ciclistas nesse escalão amador, e um deles era o Natalício. A prova começa - devia ser só uma volta, era costume ser assim - os outros dois corredores chegam ao fim e do nosso amigo nada. Nisto, chega a ambulância com o nosso Natalício, que tinha tido um problema físico e não tinha aguentado a breve jornada velocipédica.
Preocupação para cá, preocupação para lá, o nosso amigo recupera o fôlego e eis que, mesmo acabando a prova no “Carro Vassoura”, é premiado com o terceiro lugar e uma medalha!
Esta história só era possível na Abrunheira daqueles tempos, onde a participação era mais valorizada do que a competitividade deste ou daquele interveniente, e era uma altura em que todos saíam à rua para ver e aplaudir.
Como o meu amigo Natalício faz anos por estes dias, um grande abraço de parabéns para ele pelo seu aniversário, mas acima de tudo por continuar a saber terminar no carro vassoura com a mesma dignidade, simplicidade, discrição e sentido de humor que o caracteriza!"
PARABÉNS!