segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Atletismo nos primórdios da URCA

Do Frederico recebi um e-mail muito engraçado sobre as suas actividades desportivas, mais propriamente a sua passagem pelo atletismo da URCA.

Esta história é contada na primeira pessoa, prometo que é a única, mas não tinha outra forma de a contar.

Já lá vão muitos anos, estava eu numa aula na escola primária, quando entra o Zé Barros, a Cristina Peniche, e mais alguém que eu não consigo recordar quem era, mas eram 3 pessoas.

Perante a nossa curiosidade infantil, lá nos foi explicado ao que iam. Estavam a angariar crianças para a prática de actividades desportivas, no caso atletismo, e eu lá fui...quanta inconsciência!

Como será de calcular, nada era como é hoje. A rua que passa em frente à URCA (Rua Humberto Delgado) não era alcatroada, tinha muitos buracos, e era uma pequena subida, como ainda hoje é em frente à farmácia. O espaço físico dentro da quinta era outro, existia até um tanque com areia para fazer salto em comprimento!
Até que chegou o grande dia, íamos participar numa prova em Ouressa, na zona do Bairro que hoje conhecemos com esse nome, que não existia na altura. Lá nos levaram, não me lembro como, até ao local da prova. Uma das pessoas que estava presente era o Mário Martinho, existiam mais dirigentes e “técnicos”, mas não recordo quem eram.
Eu, como era dos mais pequenos, participei logo na primeira ou segunda prova, colaram-me um número na camisola, e disseram-me para correr com os outros e que era só uma volta até chegar novamente aquele ponto ondeterminava a prova. Ora, como os “técnicos” eram conceituados e nós éramos “rapazes experientes”, pensávamos apenas no que todos os miúdos, ou quase todos, pensam: vencer.
Colocámo-nos na linha de partida e eu, não sei como, fiquei mesmo à frente e preparado para a corrida. Era canja, estava na primeira fila e não devia ter de correr durante muito tempo. Atrás de mim havia muitas dezenas de miúdos com a mesma ambição, mas com muito mais experiência.Abreviando a história, o que aconteceu foi que, dada partida, passaram-me uma rasteira, eu cai e os outros passaram-me todos por cima. A minha prova acabou antes de começar e os meus cotovelos e joelhos estavam em sangue.

Não consigo precisar quem eram os monitores da “coisa”, lembro-me que alguns dos treinos eram feitos no tanque de areia e que os restantes aconteciam no exterior, rua abaixo rua acima, rua acima rua abaixo!

A participação dos outros representantes da URCA foi semelhante à minha, a única diferença foi que chegaram ao fim, com mais ou menos glória, mas sem feridas.Julgo que, nesta fase, o atletismo ficou em “águas-de-bacalhau”, à espera de melhores dias, que viriam alguns anos após, aí com bastante sucesso e que, tanto quanto sei, continua a ter.

As minhas experiências desportivas na URCA continuaram a ser ”frutuosas” em várias actividades em que tentei participar, até que percebi, definitivamente, que não tinha vocação desportiva."
Frederico