sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Poesia ............António Vieira

Aldeã, tenho lido alguns poemas (enviados pelo Frederico e Félix) dum homem, que guardo muito respeito e, a quem hoje presto a minha homenagem, falamos de António Vieira claro. Gostava que desse a conhecer esta pequena maravilha, escrita por ele no ano de 1977. Passaram trinta anos, mas em poesia tudo é actual, independentemente das datas, ou de quem deu sentido às palavras.
A. Bento

Esperança no Novo Ano

Um ano novo desejamos justo,
benévolo acolhedor.
Nova esperança surge
Ao pensamento:
haverá mais justiça e
entendimento entre os homens…
para melhor?!
Que assim seja, para bem de
todos; para sempre brilhe
um radioso dia; não favorecendo
só a burguesia, que se prepara
para governar de novo…
Por agora, nada dirá quanto
a pujança, ainda no começo
pouco reflecte, confiamos no
ano setenta e sete, para bem de todos?!
Mais esta esperança!...
Nesta vasta ânsia de domínio
e fugaz ambição, em que o juízo do ano
predomina, esperamos dissolvida a
neblina que mergulha o povo na escuridão!...

Ao soarem as doze badaladas,
Vozes se ouviram de protesto:
Contra o ano que findou lesto
sem dar as melhorias tão desejadas…

Agora é no Novo Ano que o povo tem a sua
crença, para saciar as ambições!
Tudo se dissolve em ilusões, e a
situação do povo é sempre tença!...

A. Vieira