segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Abrunheira - Famosa à nossa medida

Não me consigo habituar com o vazio em vez do casarão em frente ao talho. Cada vez que ali passo tenho a sensação de estar noutro lado qualquer, e não na Abrunheira.
A nossa Terra é famosa à nossa medida. Acabei à bocado de ver aquela série da RTP “Conta-me como foi” que é gravada ali na antiga “Edipim”, ao pé dos laboratórios JABA, como também em tempos foi gravada a primeira telenovela Portuguesa “Vila Faia”, e onde o Herman José também já gravou há uns anos, um dos seus programas ainda na RTP, salvo erro era os “Parabéns”. Quando a Vila Faia foi gravada, ainda houve figurantes aqui da Abrunheira, e na época era um acontecimento importante para a Terra. Quanto à série “Conta-me como Foi”, faz-me recuar aqueles anos e acho que está interessante. Haverá muita gente que ficará admirada com alguns diálogos e com alguns acontecimentos relatados, mas, o que é certo, é que está muito verdadeira.
Continuando nas referências à nossa Abrunheira, ontem também tive uma surpresa muito agradável. Fui dar a minha habitual voltinha de fim de semana à FNAC, deitando o olho às novidades literárias, pegando nos traduzidos a “Expiação” de Ian Mcewan que vai chegar também em filme, e nos Lusófonos o do nosso Miguel Barbosa “O Grito de Silêncio Ferido”. Como já verifiquei antes noutras obras, esta também tem a biografia do autor indicando a listagem dos títulos com todas as anotações importantes, como datas de traduções e, no caso de peças de teatro, as representações, onde e quando. Ora o nosso Miguel Barbosa escreveu algumas e entre elas, a bem conhecida dos Abrunhenses da minha geração, “O Palheiro”. Pois bem, a esse propósito diz assim: “Em 1972, O Palheiro, com encenação de Fernando Muralha, é apresentado pelo grupo Universitário Luís de Queiróz, da Faculdade de Economia de Piracicaba, Brasil. (Depois de muitas representações, em vários países, e para além de 1975) …… O Palheiro é representado pelos grupos: Sociedade Recreativa e Dramática Eborense, Casa do Povo de Cabrela, Grupo de Teatro Amador do Casino Afifense e pelo GITU-GRUPO DE INTERVENÇÃO TEATRAL DA URCA (ABRUNHEIRA), SINTRA……”. (as maiúsculas são de minha responsabilidade) É verdade, consta na Biografia dum dos mais significativos escritores Portugueses da actualidade, o trabalho sério levado a cabo pelo Grupo de Teatro da URCA. Sinto-me duplamente orgulhoso, por ser filho da Terra e por ter participado neste acontecimento, que foi, do ponto de vista cultural, uma época muito rica na Abrunheira.
Janeiro de 2008 – (Mês do trigésimo terceiro aniversário da fundação da URCA)
Silvestre Félix