domingo, 8 de junho de 2008

O trilho........


Do Coutinho que era Bernardino algumas linhas de histórias já aqui contei, mas para personagem Abrunhense tão cheia de eventos narrados pelos nossos melhores contadores, não há linhas que cheguem, e o tempo já contado em muitos anos produz muitos cordéis de prosa.
Já agora, e porque o meu litígio com os nomes no tempo ido continua activo, e porque tinha ficado por dizer o nome do parceiro do Coutinho que era Bernardino na aventura do voo para o Brasil, aqui vai o Francisco Borrego que na história tinha o lugar de Sacadura Cabral e o Coutinho que era Bernardino seria o Gago Coutinho como na toponímica em sua homenagem que vai da Av MFA, junto ao Ti Alexandre Nascimento quando se desce, virando à direita pelas “pateiras”. O Ti Francisco Borrego, de sua habitação em casal saloio na Abrunheira saloia em frente à rua de S. José, não sendo traído pelo registo de memória, era Tio – Avô do Mário e Paulo Martinho, se não, pelo menos haveria laço familiar.
De preâmbulo muito longo para a prosa planeada, que é, nem mais nem menos, protagonizada pelo Bernardino que não era Coutinho, tem a ver com uma alfaia agrícola que deu o nome a um dos famosos restaurantes da nossa Terra, isso mesmo; O Trilho! Mais ou menos no sítio, de propriedade do Francisco Borrego, onde paredes assentaram e refeições se devoram, existia uma “eira”, como pela Abrunheira outras serviam para debulha dos cereais caseiros. Tenho lembrança, dessa, outra em frente à antiga “Sociedade”, palco da história de trilho que contarei, outra logo a seguir do mesmo lado usada pela minha família, outra no António “Calmeirão” e decerto outras que vistas ou não, agora não recordo.
A “eira” era construída com ciência da época. Normalmente redonda com lajes de pedra e, de preferência, em sítio ventoso. O “trilho” era normalmente puxado por bovino com redondos de madeira passando por cima dos cereais e “trilhando” os invólucros das sementes, fazendo com que estas saíssem. Depois, com uma espécie de forquilha de madeira, levantava-se a palha, começando pela mais grossa, até ficar a semente toda à vista na laje da eira. O vento levava a palha mais fininha. Chagava a hora de recolher as sementes em sacos, e recomeçava outra eira. Entretanto, e como se tratava de operação limpa, era preciso garantir que os animais, (bostassem) a eira com as pesadonas bostas de mer…, então o próprio trilho tinha um acento para uma pessoa se acomodar com uma pá disponível e atenção redobrada, para quando o boi resolvesse deitar bosta, essa pessoa, de pá em riste, apanhasse ainda no ar e quentinha, a bosta de mer… . Bem é realmente uma conversa de mer…, mas é aqui que entra o Coutinho que era Bernardino, nesta época ainda rapazola, e fazendo este trabalho, para o Mané (Manuel) Guilherme, Pai do nosso já conhecido, “Pexincha” (António Guilherme).
Continua….
Silvestre Félix