domingo, 16 de março de 2008

A Nossa História Industrial

Os nossos sítios hoje, sítios foram ontem. Alguns até as paredes conservam outros nem tanto. Em pouco tempo contado em algumas dezenas de anos, sempre abaixo dos que eu tenho nesta vida vivida aqui, já passaram à história industrial da Abrunheira.
As mesmas paredes que resguardam uma empresa industrial que o nome deu a rotunda facilitadora do escoamento de trânsito, que naquele tempo demorava que passasse qualquer viatura, nem que fosse carroça, deverá ter ido, em número de anos, uns 45/46. Com muita pompa e notícia de jornal o que naquele tempo se chamava “Sincal”. Fabricava lixas, abrasivos e colas.
De primeira na Abrunheira se gabava pois durou algum tempo até se construir a segunda no mesmo sítio e paredes onde hoje tem entreposto de Japoneses carros. Esta segunda, que tal como a Sincal muito labor deu às gentes da Abrunheira, que pouco a pouco esquecia a finada agricultura. Esta produzia artigos e acessórios de borracha e pelo mar chegaram da ilha da Madeira com o nome “Fábrica de Borracha Leackok Rosa Lda”, me perdoarão se qualquer nome não esteja exacto, é que, como já doutras vezes tenho dito, tenho uma relação muito conflituosa com datas e nomes idos no tempo. Com a fábrica vieram alguns operários daquela pérola no meio do mar, mas já sabedores da técnica aplicada. Nasceu a comunidade Madeirense na Abrunheira, sendo diluída com namorados e namoradas em cruzamentos saudáveis.
Depois vem a de plásticos no mesmo sítio e paredes construídas pelo patrão Gomes baptizada “Fábrica de Plásticos Atil, Lda”, onde hoje se produzem ou armazenam produtos químicos ali a seguir à Puratos. Também esta trouxe operários doutras bandas, mas sempre os Abrunhenses ganharam em presença e labuta. Porque também aquelas mesmas paredes que estão de pé, me protegeram com os primeiros passos no mundo do trabalho e lembro um a um dos meus antigos parceiros aos 14 anos. Alguns subiram um patamar e estão numa dimensão diferente deixando cá, na Terra, a saudade da vivência.
A Abrunheira tem sítios que sítios são já da sua história industrial e os Operários passaram por essa história, iam e vinham pela rua que ainda não era da Escola, cruzei-me com muitos nessa passagem da vida.
Silvestre Félix