segunda-feira, 24 de março de 2008

Marchas da Pascoela e Páscoa


Chegavam num autocarro a meio da manhã no Domingo de Páscoa e de Pascoela. Este último, que passado o tempo ninguém já o menciona, é o Domingo anterior que corresponde ao Domingo de Ramos. Estamos a falar sempre no calendário Católico que, por tradição e formação é o meu, sendo que, por apelo cultural, de outros fui sabendo a existência.
O tempo para referência na Abrunheira do que estou dizendo, será fins da década de 50 princípio da de 60, e, como estava dizendo, lá pelas dez da manhã de cada um dos dois Domingos, lá vinham, trajando ao início do século, os marchantes. Eram as marchas da Páscoa e vinham, não me lembro exactamente de onde, mas seria das bandas do Estoril, Bicesse ou Galiza, por aí.
Vinham primeiro uns batedores que anunciavam a chegada e apelavam ao ajuntamento no largo do chafariz. Mais ou menos aquela hora lá chegava uma camioneta que, a custo, estacionava na banda de cima do largo e as marchas dançantes progrediam em frente ao “Ti Álvaro”. Eram uns quantos pares, uma dúzia talvez, e eram acompanhados por um pequeno conjunto musical de instrumentos de sopro e pequena percussão.
O colorido dos trajes, a música, o ambiente de festa em geral, fazia com que os Abrunhenses, famintos de divertimento, ansiassem sempre este acontecimento, de tal forma, que aí um mês antes, quando eram distribuídos os cartazes a anunciarem a vinda das marchas, já não se falava noutra coisa, e no dia, vestiam o melhor que tinham porque era festa.
Tão depressa como a chegada era a partida. Pronto acabou, entravam rapidamente na camioneta e lá iam para a próxima paragem noutra terra vizinha. Para o ano há mais, e assim se marcava na Abrunheira, os dois Domingos, vai para 40/50 anos.
Silvestre Félix
Março de 2008