quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Dia Mundial da Paz - 1 de Janeiro


Mensagem do Papa para o «Dia Mundial da Paz 2009»: «Combater a pobreza, construir a paz»
Na mensagem, Bento XVI indica que para que esse desejo se realize, «é necessário mudar os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas de poder estáveis que hoje sustentam as sociedades».
Bento XVI recorda o que João Paulo II já dizia: «É preciso abandonar um tipo de mentalidade que considera os pobres como um peso e inoportunos, como pessoas que pretendem consumir o que os outros produzem». O Santo Padre sublinha que é preciso «olhar os pobres como pessoas que fazem parte do único projecto divino, ou seja, da vocação a construir uma única família».
Bento XVI denuncia o aumento da desigualdade entre ricos e pobres, a actual crise de alimentos, a desproporção existente entre os problemas da pobreza e as medidas estabelecidas para combatê-la, o aumento das despesas bélicas que causa uma corrida aos armamentos provocando subdesenvolvimento e desespero.
Além disso, a desigualdade tecnológica, a exclusão dos mercados mundiais e as dinâmicas de preços aumentam ainda mais a distância entre países ricos e pobres. O Papa sublinha que os países subdesenvolvidos, sobretudo, os países africanos, sofrem uma dupla marginalização, pois possuem baixas rendas e os preços de seus produtos agrícolas e de suas matérias-primas aumentam lentamente em relação aos produtos industrializados dos países ricos.
A mensagem do Papa manifesta preocupação em relação a certas doenças como a malária, a tuberculose e a Sida que afectam, sobretudo, os países mais pobres. «A comunidade internacional faz ainda muito pouco para combater tais doenças e os países atingidos são obrigados, por causa das ajudas económicas, a recorrer a formas de políticas contrárias à vida», diz o Pontífice. Em relação à Sida o Papa convida a, antes de tudo, «fomentar campanhas que eduquem, especialmente os jovens, para uma sexualidade plenamente respeitadora da dignidade da pessoa», pois «iniciativas realizadas nesta linha já deram frutos significativos, fazendo diminuir a difusão da doença», explica.
A mensagem para o 42º Dia Mundial da Paz faz críticas as campanhas de redução de nascimentos, realizadas em nível internacional, através de métodos que não respeitam a vida humana, a dignidade da mulher e o direito dos pais de escolherem responsavelmente o número de filhos. «O extermínio de milhões de nascituros, em nome da luta contra a pobreza, é na realidade a eliminação de mais pobres», ressalta o Pontífice.
O Papa sublinha o fato de que nos últimos anos saíram da pobreza os países caracterizados por um notável crescimento demográfico entrando no cenário internacional como novas potências económicas por causa de seu elevado número de habitantes. Diante do facto de que actualmente quase metade dos que vivem em pobreza absoluta é constituída por crianças, o texto alerta para a necessidade de defesa da família, pois «quando a família se debilita, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças».
Bento XVI finaliza a mensagem afirmando que a globalização deve ser guiada pelo princípio da solidariedade porque sozinha é incapaz de construir a paz e em muitos casos cria somente divisões e conflitos. «A luta contra a pobreza necessita de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade, vendo nos pobres o rosto de Cristo», concluiu o pontífice.
(RONNY MARINOTO)