quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Desassoreamento do Rio das Sesmarias


Ainda de asfalto vazias, as ruas da Abrunheira recebiam do parceiro Rio das Sesmarias, pelo menos uma vez em cada ano contado em dias duros de trabalho, as suas areias corridas nas correntes de água de invernos e primaveras chuvosos.
Antes da debulha suada em Verão ainda sem aquecimento global acelerado, o desassoreamento do leito do nosso “amigo”, tinha as funções bem definidas. Areia, terra e restos dos verdes na água corrente criados, limpas de produto final de combustíveis fósseis que, neste tempo de agora, nos oferecem em super e mini - mercados, para lhes fazermos o fazer de consumir o necessário e o desnecessário, eram (as areias e o resto) distribuídas ao longo do trajecto habitual.
Nas boas vindas à debulhadora e máquinas acessórias, corrupio de carros de bois e carroças, a rua principal da Abrunheira que, muitos anos depois contados em tempo de vida difícil, haveria de chamar-se “Av. Movimento das Forças Armadas” em homenagem aos obreiros da libertação porque o Salazar demorou muito tempo a cair da cadeira e porque a Primavera Marcelista já não era e porque a guerra não acabava sozinha e porque a PIDE ou DGS ainda era… dizia que a rua principal… poucos buracos devia ter para não ser preciso força braçal para desempenar alguma roda.
A contribuição do Amigo Rio das Sesmarias seria no tempo de agora, reconhecidamente uma parceria estratégica, ele (rio) precisava de ser limpo e a rua precisava da areia para ser transitável.
Neste tempo de agora, o nosso Amigo Rio das Sesmarias sofreu a invasão, nas suas “entranhas”, de uma máquina brutal que lhe retirou as impurezas, as purezas, as miudezas, tudo… tirou-lhe tudo. Identificou-se como culpada da “limpeza”, a máquina de lagartas com cor amarela e não se percebeu onde deixou as areias, sim, porque os buracos agora são outros, são doutro tipo, são doutro tamanho, têm outro cheiro e, acima de tudo, tapam-se doutras maneiras…
Silvestre Félix
Agosto de 2008